Quem sou eu

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

QUEM REVELARÁ O MISTÉRIO QUE TEM A FÉ? E QUANTOS SEGREDOS TRAZ O CORAÇÃO DE UMA MULHER?


Dormi pensando nessa música ontem. Quantos segredos traz o coração de uma mulher? Difícil mesmo responder! Difícil para as próprias mulheres. E falo sobre isso agora porque muito tenho sido questionada a respeito do que penso. Mas, como escreveu Clarice Lispector, sou um mistério, principalmente para mim. Ah!Como eu queria a leveza de me entender, nem que fosse só de vez em quando! Seria maravilhoso! Mas, como bem sabe quem convive comigo há anos, entender-me parece ser mais complexo do que a qualquer outra mulher.
Tentam extrair de mim o que não sou... e eu me pergunto se gostaria de ser, se é possível ser, ainda que apenas nos momentos necessários. E eu me pergunto até mesmo se há necessidade desses momentos! É possível, por exemplo, a mim, ser fatal? Caros amigos, vocês que me conhecem tanto (inclusive do quanto eu mesma me desconheço), vocês que, mesmo me vendo alegre, falante, eloquente em cima de um palco de teatro, sabem da minha timidez, sabem da origem do apelido caracol ( aquele serzinho que se fecha em si, que se esconde numa casa construída nas costas)... vocês que sabem bem dessa minha vontade de ser invisível muitas vezes; vocês conseguem me ver fatal??? É possível para mim a ousadia de ser fatal? De dizer a um homem tudo o que ele gostaria de ouvir, tudo o que ele mereceria ouvir? É possível que eu me transforme assim numa mulher sedutora, provocante, que sabe exatamente o que falar ou fazer para enlouquecer alguém? Ou a sedução é algo que está em nossas cabeças? Ou provocante é ser exatamente o que somos e esperar que isso seja o suficiente para o outro?
Se faço essas perguntas é porque realmente busco respostas. Não consigo me ver fatal! Acho que nem se eu tivesse a boca da Angelina Jolie! E eu até acho que entre quatro paredes vale quase tudo, mas não sei até que ponto esse tudo tem a ver com a mutação de um ser em outro. Difícil organizar minhas ideias! Talvez porque de fato eu seja um ponto de interrogação. Mas pretendo encontrar a resposta, as respostas e, se for possível, uma mulher fatal dentro do caracol. No entanto, só quero encontrá-la se me provarem que existe mesmo esse lance de ser A PODEROSA. Porque de fato eu sempre achei que, do meu jeito, eu era envolvente. Eu sempre achei que, embora sem o bocão da Angelina, sem a ousadia das fatais, eu era atraente. Aliás, eu sempre achei que, no fundo mesmo, ser mulher fatal estava além do que se pode ver ou ouvir. Não é só o que eu mostro e não é só o que eu falo... é o conjunto do que sou, é o que de verdade há em mim. Pelo menos era assim que eu achava. Mas posso estar errada. E só quero saber se estou.
Então, posso ser fatal ou estou fatalmente condenada à timidez?

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Como anda sua consciência?

" Dizes-me: tu é mais alguma coisa que uma pedra ou uma planta?
Sim: há diferença.
Mas não é a diferença que encontras,
porque o ter consciência não me obriga a ter teorias sobre as coisas.
Só me obriga a ser consciente.
Se sou mais que uma pedra ou uma planta? Não sei.
Sou diferente. Não sei o que é mais ou menos.
Ter consciência é mais que ter cor?
Pode ser e pode não ser.
Sei que é diferente apenas.
Ninguém pode provar que é mais que ser diferente."
( Fernando Pessoa)

Li este poema de Fernando Pessoa hoje e achei perfeito! Um pouco confuso, se lido rapidamente. Mas se lermos como devemos viver a vida- pensando sobre- logo o nó se desfaz. Porque ele é simples e óbvio. Há aqui uma comparação da humanidade com as pedras e plantas. E acho que ele escreveu isso para nos causar raiva mesmo, pra ver se, causando raiva, causaria também uma revolção dentro de nós, uma vontade de provar que somos mais ( muito mais!) que pedras e plantas. Ele ressalta, é claro, que existe uma diferença entre nós (humanidade) e entre os seres inanimados: nós temos consciência, e eles não. Mas fora isso podemos ou não ser diferentes, "porque ter consciência não nos obriga a ter teorias sobre as coisas." Ou seja, ter consciência no primeiro momento nos faz apenas saber que existimos, enquanto que as pobres pedras e plantas não sabem de si. Mas ter consciência não significa dizer que sabemos para quê existimos. E esta é a grande questão da poesia: afinal, qual nosso sentido aqui na Terra? Qual nossa função? O que fazemos aqui é de fato o que deveríamos fazer? E Fernando Pessoa nos esclarece isso parcialmente, porque deixa claro que ter consciência não é nada se não fazemos bom uso dela. Ou seja, estamos aqui primeiramente para usar corretamente nossa consciência, para nos valermos de boas idéias. Idéias estas capazes de transformar o mundo em que vivemos. Idéias que saiam do campo da consciência e virem ações. Como as que impulsionaram Alfred Blalock à descoberta de como fazer cirurgias cardíacas, como as que motivaram Zumbi a lutar com destreza contra a escravidão, como as que provocaram no profeta Gentileza a vontade de se tornar "amansador dos burros homens da cidade que não tinham esclarecimento"( assim ele se dizia), pintando nos viadutos do Rio de Janeiro mensagens de paz e amor. Enfim, como as que incentivaram Fernando Pessoa a nos insultar com sua poesia crítica para ver se, assim, sentiríamos vontade de ser além das pedras e plantas. Porque se Deus nos criou com essa diferença, certamente não foi à toa. A poesia realmente me incomodou bastante, fez-me repensar a própria vida, o modo como venho agindo. E ao final de meus pensamentos, senti-me mesmo uma pedra: das maiores e mais pesadas! Mas senti também a vontade de mudar, a vontade de usar essa diferença que o Criador nos deu em relação aos outros seres, para fazer algo que realmente valesse a pena! Quero mesmo gastar minha consciência, porque a mim pouco importa só saber que existo. Quero dar sentido a essa existência! Quero sentir-me feliz por existir! Quero ver minha vida acontecendo... já que Deus plantou em mim a semente, quero ser além de uma árvore que dê sombra: quero dar frutos! E talvez se todos se sentissem incomodados com sua condição de pedras que sabem de si, e se esse incômodo fosse tão grande ao ponto de darem um primeiro passo, talvez houvesse jeito pro mundo. Porque quem usa de fato a consciência para o que Deus a criou, faz como os poucos que citei acima: promovem o bem para a humanidade, por entenderem a lição por trás do "AMÉM": AMEM!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Em busca da terra do nunca




Sabe o que eu sempre achei sem graça no cinema? Quando as cenas mostravam o filme dentro do filme. Ou a peça teatral dentro do filme. Tipo assim: os personagens estão em sua casa vendo TV, e as cenas do que eles vêem são mostradas no filme que nós vemos... deu pra entender? Então os personagens todos começam a rir de uma cena engraçada. No entanto, aquilo só tem graça para eles. Para nós o que importa não é a história que eles vêem, mas a história sobre eles que estamos vendo. Coisa chata e complexa a que estou dizendo, mas prometo que vai melhorar agora! O fato é que sempre detestei quando qualquer filme mostrava cenas de outras cenas. Na minha opinião se o personagem ia ao teatro, deveria ser mostrado apenas ele entrando e saindo do local. Pra que mostrar parte da peça que não ia fazer o menor sentido para nós? Mas tudo isso eu pensava antes de assistir ao maravilhoso "Em busca da terra do nunca"!!! Tão perfeito de um jeito que nem sei se vou conseguir falar de toda a sensibilidade que há na história.

Primeiro é preciso dizer que o filme é baseado em fatos reais, e conta como o dramaturgo James Barry se inspirou para criar a fantástica história do Peter Pan. Depois é preciso que sibam que Johnny Depp interpreta James Barry. E para quem o viu como o "mãos de tesoura" e como "Willy Wonka" da fantástica fábrica de chocolate, já é possível adivinhar que se trata de uma interpretação das mais magníficas, doces e sensíveis. Bem como deve ter sido aquele que de verdade imortalizou o menino Peter. Sim, porque esta é uma grande surpresa: o Peter existiu mesmo. Não daquele jeito de criança eterna. Mas existiu com o mesmo nome. E era uma criança amiga de James. Um menino que apareceu para ele quando o dramaturgo já não escrevia grandes espetáculos, já não fazia mais sucesso. Mas a amizade com aquele garoto e seus irmãos trouxe um mundo de novas possibilidades para James Barry; abriu caminho para um universo antes nunca explorado: o universo infantil. E de repente passamos a ver Peter Pan em seu próprio criador, pois é assim que ele se mostra: um adulto com alma de criança. Um adulto com vontade de brincar, de encontrar a terra do nunca ( e não é que ele acha?), de sorrir das grandes bobagens do cotidiano, de fazer guerra de travesseiro, de correr com medo de um crocodilo que engoliu um despertador, de enfrentar piratas imaginários, de ser feliz sem medo. James vai aos poucos descobrindo quão maravilhosa pode ser a vida quando nos deixamos levar por idéias leves e infantis. E ele consegue assimilar tão bem isso que passa a querer fazer o que as crianças fazem de melhor:dividir. Repartir mesmo! Não só o pedaço de chocolate, mas especialmente a vida, as descobertas, a infância... e é dessa vontade de repartir a experiência nova que James Barry escreve Peter Pan. E, pasmem! A peça é mostrada no filme. E é definitivamente perfeita! De encher nossos olhos, nossa alma e nosso coração! De encher mesmo nossa vida! De nos fazer acreditar que tudo pode ser mais bonito, mais feliz! De nos fazer sonhar e pensar que não é tão ruim assim o mundo das ilusões, da fantasia... Ahhh... Realmente o filme e a peça dentro do filme nos fazem acreditar num mundo melhor. E nos fazem também repetir a máxima dos nossos mais antepassados possíveis: as crianças são mesmo a maior esperança que pode existir!!! Depois da peça, James Barry voltou a fazer sucesso. E eternizou essa estória linda que todos nós conhecemos. No entanto, mais linda ainda é a história da estória. Por isso, todos os adultos do mundo inteiro deveriam assistir ao " Em busca da terra do nunca"! E se vocês sentirem vontade de voar até Neverland, peçam ajuda a Sininho. Não duvidem: se quisermos, as fadas podem existir!