Quem sou eu

quinta-feira, 23 de abril de 2009

- Mar

Em que tempo é melhor olhar para o mar? E quando digo tempo não me refiro à estação ou ao mês do ano. Falo de agora, do tempo que temos ao pensar no presente: manhã, tarde e noite. Em quais destes é melhor olhar para o mar? Aliás, em que tempo temos o melhor mar? Sei que a maioria gosta do mar da noite. Aquela tranqüilidade absoluta imperando sobre os apaixonados olhares, sobre os sons dos violões que insistem em soar Legião Urbana. Sim, porque não importa quanto o tempo passe, parece que todas as gerações de novos jovens vão viver sua fase Renato Russo de ser. E que saudades desse meu tempo! Quando eu me julgava por demais adulta sem saber que, quando de fato a fosse, aí sim me julgaria estupidamente infantil. Estupidamente porque não é somente aquela infância doce que habita em mim, aquela infância pura e cheia de vontade de brincar despretensiosamente sem medo dos olhares reprovadores. Habita em mim mais hoje do que nunca o quê infantil que nada entende. E isso sim é terrível. Principalmente porque a criança quando não entende, pergunta e pronto! Problema de quem estiver ao seu lado para ouvir os intermináveis porquês. Mas a mim não deixaram respostas, nem a quem perguntar.
Mas eu não posso me desviar do meu mar. Embora estas ondas da minha vida queiram sempre me levar para lugares cada vez mais confusos, desviando também sempre o ponto exato da questão. E o ponto é: Qual o melhor tempo do mar?
Se não é a noite, como eu bem acabo de concluir, então devem os admiradores da natureza pensar que é a tarde. Afinal, o que pode haver de mais lindo nesse nosso meio natural do que o pôr-do-sol? De fato é sublime! É mágico ver o céu se colorindo e poder pensar: Nada de azul-claro! Nada de azul-escuro! Nada de anil! Nada de nada! O céu é também vermelho, lindo, fogo, paixão! É amarelo! É laranja! Meio violeta... Ah! O céu é de todas as cores! E ver esse céu assim se pondo sobre o mar, então! Meu Deus! É sem dúvida a certeza de haver um Criador por trás de todas as criaturas.
Mas penso eu que o pôr-do-sol vem para que a noite chegue. E quando a noite chega é sinal de(perdoem-me a lógica estúpida) não haver mais sol. Não haver nosso astro para dar vida e luz! E olha que amo as estrelas! Tão lindas com seu brilho esforçando-se para ser clarão. Um negrume sobre nossas cabeças, mas elas estão lá, junto à lua, para tentar a luz.
E conseguem até! Mas vale lembrar que a luz da lua é reflexo do sol. E por mais que se empenhem em ser farol, sua luz ( por mais linda) não é capaz de clarear de fato. Só o sol para enxergarmos bem uns aos outros, sem óculos, sem nada. Sem o sol, os homens precisam de lâmpadas artificiais para ajudar no esforço das lindas estrelinhas do céu. E quando a noite chega( e o sol se vai) tenho pra mim que os peixes também vão dormir. E tudo no mar se acalma. Até aqueles que sobrevivem do mar se acalmam, retiram-se para esperar a alvorada. Os pescadores dormem e os sonhadores sonham com seus tesouros no fundo do mar, para que, assim que o dia acorde, ambos corram em busca de seu objetivos: peixes e baús, respectivamente.
Então, diante de toda esta verdade, qual o melhor tempo do mar? Talvez não seja assim para a maioria, mas para mim o melhor tempo é sempre o dia, a manhãzinha. Porque é quando o eu-mar é mais vivo. Crianças mergulhando nele(e em mim). Peixes brincando à vontade, porque com ajuda do sol conseguem mais facilmente fugir dos anzóis. Gente bonita bronzeando na beira do mar. E gente feia também, porque o mar é justo e igual para todos. E o sol ali, como o mar, para todos! Sem distinção! Sei que há uns que pensam que o dia nasceu para eles.( Imbecis, podem apostar!) E há também os que lutam por um lugarzinho ao sol. ( Porque não entendem a verdade de que o astro-rei é exatamente nosso: de todos nós). Mas apesar dos pesares, viva o sol, com tanta vida em si!
Qual o melhor tempo do mar, então? É o dia! Porque é só sem penumbras que podemos mesmo enxergar a vida como ela é. E sendo eu o mar dessa história ( confuso, com ondas que vão por onde ninguém navega, que se quebram arruinando disputas de surfistas, profundo bem mais que se possa imaginar, com mistérios jamais desvendados, e tesouros para sempre intocados; por vezes frio com quem busca calor, por vezes acolhedor como um beijo morno; aberto para quantos queiram me mergulhar e perigoso para quem não sabe nadar, inquieto e calmo ao mesmo tempo...) Sendo eu este mar tão mutante, sem dúvida que prefiro o dia. Porque é só durante o dia que os amores da minha vida se fazem presente, mostrando que há sempre um porto-seguro, uma vida alegre, como num domingo de praia ensolarado. Pra começar tem o sol, meu SOLbrinho lindo, solzinho que traz toda luz da minha vida: Sérgio Neto. E mergulhando em mim têm os peixes a brincar. Dentre eles, um mais especial: um peixinho chamado Samuel, desses bem inquietos que não param um só segundo e que, quando a noite chega, é sempre o último a dormir. E antes deles, para sempre, sempre esteve um baú de tesouros ( procuradíssimo pelos que almejam a riqueza, mas para sempre meu) : Meus pais e irmãos, base de tudo o que sou ( da parte de mim mais simples até a mais complexa. Daquilo que me fez mais feliz ao que me fez mais triste.Da doçura e da amargura.) E é preciso uma base assim para aprender a sobreviver nos dias de lama e a bem viver os dias de glória!
Enfim, eu nada seria sem o solzinho, o peixinho e o baú. Portanto, para sempre escolherei olhar o mar vivo. No tempo da manhã! -- Carol de Holanda--

2 comentários:

  1. Carolzinha vc sabe que gosto de tudo que vc escreve. Sou tua fã mesmo, e olha que lêr esse texto longo, cansada do jeito que tô, não foi fácil. Mas eu amei a complexidade dele. Bjo

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  2. Prima, sempre uma maravilha ler sua sabedoria e sua inteligencia! Adorei o texto, recheado de reflexoes... Sem dúvida, o mar do dia, da manha, do sol, é mais belo, mais vivo! Continue a se inspirar e a amar sua beleza, que está, sem dúvidas, 24h protegida por Deus. Sim, porque até nas maiores e mais violentas ondas o Criador se faz presente. Te amo!

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